data-filename="retriever" style="width: 100%;">Eu já testemunhei 45 destas épocas de ocaso de ano, de festas natalinas e substituição de calendários. Por óbvio, não as recordo em sua totalidade, pela idade, pela antiguidade ou, mesmo, pela distração.
No entanto, posso afirmar, sem qualquer receio de errar, que, senão em todas elas, ao menos em sua imensa maioria, se pôde, como se pode agora, novamente, enxergar a alteração anímica coletiva que se dá entre as pessoas. Ou em algumas delas.
Vi de tudo, naquilo que posso considerar meu tudo, a meu modo, no meu mundo, que não é vasto, mas é o que tenho.
Vi afetos fortalecidos nas famílias, amores nascidos entre reencontrados, paixões incendiadas entre casais, saudades matadas entre amigos - também choradas pelos que ficaram em razão dos que partiram -, solidariedades entre mundanos, reconciliações entre outrora inimigos, perdões entre ofendidos, decisões por indecisos, promessas por intencionados, atitudes por inertes e, tanta, mas tanta coisa, que não tenho como arrolar à exaustão.
Vi ruas abarrotadas de automóveis, lojas apinhadas de gentes, festas iluminadas de risos, sorrisos, brindes, abraços, beijos e alvoradas.
Mas vi, como também ouvi, aparentes ou queixados cansaços a propósito das ocorrências durante o ano em ritmo de despedida que, de tão corrido, tão atribulado, exaurira as energias de muitos já ávidos pelos novéis próximos 365 dias. Tudo, como dito, manifestado, relatado, demonstrado, à flor da pele, nítido, emergido, deflagrado.
Agora, esta fadiga que, pensava eu, acometia só a mim, confesso, jamais havia visto.
Paira nos ares, nos ânimos, um cansaço evidente, mas diferente, a quem prestar um pouquinho de atenção...
E não se trata de falta de fé no futuro, de ausência de otimismo a respeito do que virá, ou ranço de chatos, em absolto!
Parece-me (já que a opinião é minha né...) enfado diante do que terá de ser feito novamente no próximo ano, em repetição a estes tempos pandêmicos, políticos, científicos, sanitários. Enfim, essa mescla de temas já tão debatidos e gritados que aos ouvidos racionais são ruídos intoleráveis já faz tempo.
O caminho que se imaginava já traçado, as etapas que se pensava já superadas parece que não apenas voltaram, mas que terão de ser, todas, revistadas ou refeitas pois, ali na frente, tem eleição. E, seus temas, serão o tudo e o tanto vivido, sentido, testemunhado, chorado e desejado seja logo esquecido. Se imaginou serem lições já aprendidas.
Assiste razão aos fatigados: haja saco para aturar a estupidez, as estultices e asneiras sustentadas - pasmem, com orgulho - logo ali na frente, outra vez!
O futuro decente, os tempos de sanidade mental e triunfo da razão que todos anseiam nos exigem tratar de tudo, mais esta vez, no ano que vem. Não há como escapar.
Em 2022, força a todos!